quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

Contos de Napoleon, o Pistoleiro

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- Atire. O que está esperando?
- Você sabe que não mato. Não sou sujo como você...
Noite fria, escura, numa calçada neblinada. Uma moto jogada mais adiante, um carro velho no meio da rua, um poste aceso, e dois homens embaixo dele.
- Então o que está fazendo aqui?
- Você sabe o que estou fazendo aqui.
- Pensei que soubesse.
- Você sabe o que fez. Há anos eu o procuro... Há tanto tempo eu tenho me preparado pra esse momento, e agora estou aqui congelado.
- Enfim, quem é você, garoto?
- Parece que não se lembra mesmo, né?! Esperava isso. - continuavam imóveis. O garoto ainda tremia e seus olhos lacrimejavam, segurando um revólver Silver 4 em direção à cabeça do homem que estava de joelhos - Três anos atrás você matou meu pai e meus tios, e eu estava lá...
- Desculpe, eu faço isso com frequência... Não lembro de você.
- Nem da mulher do meu tio que também estava lá?! Você a matou sem ela ter a mínima chance de se defender! - se agitou o jovem - Seu desgraçado...
-Não, não lembro... Mas seria bom que você decidisse se vai ou não puxar esse gatilho. Eu não tenho a noite toda.
O garoto começou a chorar, mas ainda segurando firmemente o revólver. Tremendo o quanto podia, foi lentamente abaixando a arma, até que se viu olhando para o chão.
- Eu já sabia - disse o homem que se levantava. Ele era alto, forte, branco quase pálido. Tinha cabelos escuros e curtos, usava costeletas enormes e barba cerrada. Tinha fortes olheiras e usava um sobretudo negro, uma camiseta branca por dentro, luvas, botas e calças pretas, com um cinturão preto. Tinha uma pistola grande em sua cintura e mais duas do mesmo tamanho escondidas por dentro do sobretudo. Dois detalhes interessantes eram uma corrente prateada que ele usava no pescoço e não se via o pingente, e que ele, além das pistolas, tinha uma espada embainhada em suas costas, uma espada de dois gumes feita cheia de detalhes minunciosos. Segurava um cigarro em sua boca.
- Será que sou tão fraco assim? - disse o garoto, aparentava ter 17 a 19 anos, mas seu rosto era cansado, tinha cabelos assanhados caídos no rosto e barba por fazer. Usava um casaco de couro marrom, luvas pretas, calças jeans surradas e botas marrons.
- Você é quem dicide se é fraco ou não. - disse o homem.
O garoto olhou para o céu e começou a se lembrar de tudo o que aquele homem tinha feito com sua vida.
- Seu desgraçado! - baixou rapidamente o rosto, levantando a arma, mas era tarde demais. Ouviu-se o ronco de motor, e o garoto viu o cigarro no chão ainda aceso, e a moto do homem se distanciando cada vez mais. Agora era tarde demais. - Um dia...
É claro que o homem se lembrava dos homens que havia matado naquele dia, num bar. Eram chefes de uma poderosa máfia que tomava conta de quase toda região, mas o garoto, pelo visto, não sabia disso. De qualquer forma não foi algo que ele quis fazer, e aquela mulher... Foi um acidente. Um acidente pelo qual ele se ainda se lamentava. O garoto havia ficado lá no canto do salão chorando.
Ele ainda tinha serviço para fazer em uma boate, e esse seria algo que ele iria gostar. Humanos não eram algo que ele gostasse de matar, por mais que fossem maus. O que ele realmente gostava era quando tinha que lidar com os noturnos, bebedores de sangue, que haviam deixado nele um marca, pela qual ele os fazia pagar. E os faria pagar até que não pudesse mais respirar - se é que ele respirava.

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por Orpheo

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