domingo, 22 de novembro de 2009

Contos de Lulf, o Feliz

Estávamos nós, pálidos e imóveis sob a luz da lua, deitados em nossa cama de lençóis de nosso quarto sem teto. Havia o som do vento, o som do seu coração e o som do meu coração, e assistíamos as estrelas e o dançar das frias nuvens enquanto sua orelha quente descansava em meu peito. Nossa Terra do Nunca particular.

A lua é um espetáculo que acontece todas as noites. Está lá, noite após noite, porém nunca perde seu deslumbre, nunca deixa de ser fantástica, enigmática. Nós, homens, tendemos a nos acostumar com os fenômenos, porém, a lua é algo que nunca será apenas comumente bela.

A lembrar dos barcos e piratas que infestavam nossa juventude, e a lembrar de quantos sonhos se formaram e quantos outros se quebraram com a triste chegada de nossa maturidade. Poderíamos dizer que em meio ao caos se pode achar abrigo? Eu a achei.

Enquanto observávamos o céu como um lençol negro que se extendia aos limites da visão, os animais nos observavam, as folhas das grandes árvores ruflavam ao vento. Era um som perfeitamente ritmado e assustador. Por isso agradável. O tipo de som que, em conjunto com o forte vento que nos arrepiava, fazia subir um frio na espinha.

Se ouviu um uivo muito próximo.

Ainda mais forte ficou o vento, fazendo redemoinhos a nossa volta, e fazendo todas as folhas caídas subirem, rodopiando, levantando também seus cabelos. Você me abraçou forte e eu a segurei, sem o compromisso de soltar.

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por Orpheus




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Não sabia se isso dava pra fazer um conto. Mas, tá aí.

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Contos de Lulf, o Feliz

Às vezes acordava ao lado dela. Quando era feriado ele a levava a algum parque, às vezes viajava. Ele sabia que em sua vida não poderia ser mais feliz do que quando acordava e via aquele rosto puro de anjo, e a cor viva de seus cabelos espalhados pelo travesseiro.

Ele vestia uma camiseta regata branca, jogava o case do violão no banco traseiro do jipe e a observava vir andando, que em sua fértil imaginação, parecia flutuar. Os cachorros vinham pulando atrás dela, e mesmo depois de tanto tempo, ele ainda sentia uma arrepio toda vez que a via.

O husky, Anjo, vinha no banco de trás junto ao violão, e ele pegava a estrada em meio aos vivos campos verdes. Ligava o som, tocava Beirut, e ao seu lado cabelos esvoaçavam, como ondas perfeitas, de uma figura angelical.

Por tanta coisa haviam passado...

Ela sorria para ele, e no momento era tudo o que importava. O cabo da espada brilhava debaixo do banco.

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por Orpheus

terça-feira, 5 de maio de 2009

Contos de Alvaz, o Lobo

Maverick branco, 60 km/h, pista de volta para casa. Toca Audioslave no som do carro, ela sorria vendo algumas fotos numa camera, ele sorria olhando para a pista. No banco de trás haviam uma case de violão e uma bolsa repleta de chaveiros pendurados, eles voltavam de um passeio a uma cidade próxima, e já era noite. A janela estava aberta, o que fazia os longos cabelos da garota ricochetearem dentro do carro, espalhando seu cheiro.

O rapaz parou o carro em frente a uma casa de portão escuro, ambos desceram, a garota tirou umas chaves de sua incomumente enfeitada bolsa, abriu o portão e eles entraram.

- Viajaram? - perguntou o rapaz, ao passar por uma porta mais a frente.
- Todos - ela respondeu.

Ela ligou a televisão e disse a ele para se sentar, indo para a cozinha. Ele sentou-se mas pôs-se a olhar umas fotos num móvel à sua esquerda, de toda a família. Cada detalhe naquela casa o fazia se sentir extremamente confortável, feliz, esperançoso.

- Refrigerante? - gritou ela da cozinha
- Humrum - respondeu

Uma das coisas que ele mais gostava era esse cheiro de quando ela ia para a cozinha. Na verdade ela nem era muito boa cozinheira, e era meio atrapalhada, mas fazia tudo com um capricho enorme. Ouviu-se mais um barulho e ela apareceu vindo da cozinha, carregando um prato com dois cachorros-quantes e, de um jeito atrapalhado, duas latas de Sprite.

Ele sorriu para ela, ela sorriu de volta, pôs o prato e os refrigerantes em cima de um móvel baixo de madeira de frente ao sofá e sentou-se ao lado dele. Ela juntou as pernas, pôs as mãos nos joelhos e fez uma careta intencional de envergonhada, olhando para ele.

- Que foi? - ele perguntou, fazendo também uma careta engraçada.

Ela apontou com a cabeça para os cachorros-quentes, ele riu e pegou um, e passou outro para ela.

- Espera aí! - ela se levantou às pressas e pôs um DVD. Era um seriado que eles gostavam. Ela deu um sorriso enorme e voltou a comer seu cachorro-quente.

O DVD acabou, ela foi levar o prato para a cozinha, e ele se levantou e caminhou até uma porta de vidro através da qual se dava para ver a piscina. Sentou-se em outro sofá, mais velho, próximo à porta e pôs-se a observar.

Ela voltou, sentou-se no seu colo e o abraçou, e ele a abraçou de volta. Ele pôs suas maõs nas costas dela, cobertas pelos seus cabelos, que desciam passando da cintura com um fino manto dourado. A beijou e ela o abraçou ainda mais forte. Ele a segurou, e continuaram o beijo por mais algum tempo. Ele pensava em como era bom o cheiro dela.
Novamente se abraçaram por um tempo, até que ele se levantou.

- Não queria te deixar sozinha aqui, mas tenho que ir.
- Não tem problema - ela respondeu com um pouco de tristeza - Você vem amanhã?
- Bem cedo. Pode esperar - ele respondeu sorrindo.

Ela também sorriu e foi até ele para o abraçar. Ele a beijou na testa e a abraçou fortemente. Andaram até a porta juntos, então ele fechou o portão e gritou antes de entrar no carro:

- Até amanhã!
- Até! - ela respondeu

Ele entrou no carro e seguiu para uma direção oposta à de sua casa. O motivo ele já sabia, ela talvez sim, talvez não. Pegou a estrada. Após uns cinco minutos de estrada ele saiu da pista, entrando em um aglomerado de árvores à direita. Dirigiu mais uma pouco para dentro da mata.

Parou o carro, desceu, tirou os sapatos, o que estava em seus bolsos e a camisa, deixando no carro. Andou alguns metros, até que parou, olhou para o céu onde estava a lua, correu e deu um salto para dentro da mata, quase um mergulho. Ouviu-se um alto estalido.

Pêlo cinzento, era pouco maior que um cavalo.
Novamente corria solitário pela floresta escura. Alvaz, o lobo.

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terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Contos de Napoleon, o Pistoleiro (Parte Final)

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Capa e chapéu encharcados, a chuva tinha o atrasado um pouco. Sua barba estava por fazer, e ele acendeu um cigarro antes de entrar no bar. Logo que entrou, rapidamente a achou, olhou direto em seus olhos. Ela parecia estar um pouco surpresa, mas também parecia já o estar esperando. Ele foi até sua mesa e sentou em uma cadeira bem à sua frente, o que o deixou tão próximo a ela que ele pôde sentir sua coxa fria encostar em seu joelho, molhado, mas quente. Ele não tinha muito o que dizer, e preferia realmente falar o mínimo possível. Ele olhou bem fundos nos olhos dela e finalmente convidou, ou ordenou:
- Vem comigo. - Seu rosto ainda sério.
Caminharam até o lado de fora do bar. Ele jogou o cigarro no chão, pisando-o para apagar. A chuva ainda estava forte, mas eles não ligavam. Subiram na moto, ele fez com que ela usasse seu capacete, e entraram na pista deserta, sumindo na escuridão da noite.

Ele a levou ao apartamento que estava, pequeno, num hotel pequeno, primeiro andar. Entraram, ela tirou seu casaco e pendurou para que secasse, mas ele lembrou que ainda tinha algo para fazer.
- Ainda tenho algo a fazer. Volto logo.
Ela concordou com a cabeça, ele se retirou e foi atrás de Qüentin, que ainda o esperava no lugar combinado.
- Onde estava? - perguntou Qüentin a Napoleon, parecendo zangado.
- Não interessa, as coisas acabaram tomando outro rumo esta noite... Você está dispensado por hoje.
- E você ainda me trata como criança.
- Você ainda tem muito para aprender.
- E como vou embora? Não tenho mais carro, dinheiro, nem lugar pra ficar.
- Tome isso, se vire - Napoleon lhe passou um rolo de notas - E se cuide. A gente se fala.
- Eu sei me cuidar - disse o garoto, saindo às pressas. Napoleon subiu na moto e tomou seu rumo de volta para o apartamento.

No caminho veio a ele algo como esperança, ou seja lá o que chamam de esperança. Era estranho pra ele, uma forma de amor, alguém inundado de sentimentos e apelos. E ele já sentia o coração seco, e achava que não seria capaz de retribuir qualquer coisa assim, e pela primeira vez, ele sentiu medo. Mas a noite fornecia tudo o que era necessário: O medo dela, o medo dele, a chuva, cigarros e alguns CD's velhos dos Beatles. Enquanto chegava, ele parou para contemplar o rosto dela, olhando para o céu pela janela.

Ele tocou a campainha e esperou um pouco. Ela abriu, soltando um leve sorriso.
- Tem chuva, porque saiu? - perguntou ela.
- Algo que ainda devia ser resolvido... Estava a admirando pela janela.
Ela volta à janela.
- Você tem um cigarro? - ela pergunta.
- Estou tentando parar de fumar. - responde.
- Eu também, mas queria algo em mãos agora.
- Você tem algo em mãos agora.
- Eu?
- Eu.

Ele foi até perto dela, na janela.

- Sempre gostamos das estrelas - ela observou.
- E da sextilha entre Júpiter e Urano em Peixes.
- Estamos na oposição entre Saturno e Urano.
- Isso é bom? - ele perguntou, num sorriso torto.
- Não sei, deve ser - ela respondeu, sorrindo também.
- Foi bom te encontrar hoje.
- Também achei.

Ele chegou um pouco mais perto.

- Sabes que que vou partir? - perguntou Napoleon, olhando serenamente para as estrelas.
- Não vamos mais nos encontrar?
- Natural é as pessoas se encontrarem e se perderem.
- Mas existe o destino. Você acredita em destino?
- Talvez.
- É... Talvez tudo, talvez nada...
- Mas vou pensar em você.
- É bonito, mesmo que melancólico, que penses em mim em um lugar improvável destes.

Ele caminhou até um antigo tocador, ainda na sala, e colocou um CD velho dos Beatles para tocar.

- Acho que estou voltando... - ele observou.
- Voltando?
- Você sabe...
- Algo se perdeu no caminho?
- Onde ficamos?
- Alguma coisa se encontrou - disse ela, voltando a sorrir.

Ela olhou novamente pela janela.

- Você é de escorpião?
- Acho que sim. E você?
- Peixes. - olhou nos olhos dele - Eu sabia. Somos compatíveis.
- Sim, ouvi falar, que peixes alucina escorpião - disse ele num sorriso torto.
- Por isso está aqui?
- Deve ser.

Ela parou um pouco e prestou atenção na música que tocava.

- Está tocando "All My Loving" - disse sorrindo - Will you send all your love to me?
- Não - ele respondeu, olhando serenamente para a rua, pela janela.
- Porque não é preciso?
- Porque não é preciso - agora olhando em seus olhos.
Ele pôde ver que os olhos dela, as esta altura, lacrimejavam.

- Me beija - ela pediu, olhos no olhos.
- Te beijo - ele repondeu, inclinando-se , jogando sua capa no chão, junto com o chapéu que ainda estava em sua mão, e soltando um cinturão cheio de coldres e armas. Ela também se inclinou, e os dois se entrelaçaram.

Quando ela acordou, ele já estava de camiseta, calças e botas, terminando de se arrumar.
- Estou indo. - disse ele - Vou pegar o avião.
- Você vai desistir na hora - disse ela, ainda enrolada nos lençóis.
- Como você sabe?

Ela olhou para baixo, séria.

- Porque me amas? - ele perguntou.
- E porque me amas - ela respondeu olhando para ele.

Napoleon parou um pouco, ainda sentado na beira da cama, olhando para a porta.

- Adeus - ele se despediu, deixando-a na cama, observando-o ir embora.

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Adaptação de http://semamorsoaloucura.blogspot.com/2006/09/o-dia-que-jpiter-encontrou-saturno.html e http://vivihmaropo.blogspot.com/2008/12/transbordante-de-apelos-e-de-esperas-me.html /por Orpheus

quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

Contos de Napoleon, O Pistoleiro (Parte II)

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Tudo escuro, desde a entrada, e haviam luzes piscando para todo lado, e pessoas dançando. Muita gente dançando, muita gente bêbada ou dopada, o que parecia meio ilógico. Tanta gente, mas tanta gente assim... As pessoas seguem suas vidas tão cegas. Muitas vivem, outras tantas morrem esperando alguma coisa, ou desistindo de tudo. Mas nenhuma delas sabiam ao certo onde iam, o que faziam, nem o perigo que poderiam estar, o perigo que muitas vezes Deus as salvou sem que elas soubessem. Tanta gente assim, e não faziam idéia do que mais as rodeava. Ele achava aquilo tão sem sentido.

Napoleon entrou pela porta da frente, à sua direita ficavam os banheiros, à sua frente o balcão com não menos que cinco ou seis barman's, a boate era realmente grande, e o balcão se estendia até os fundos, repleto de pessoas conversando, bebendo ou vomitando. À esquerda ficava uma pista enorme, com muitas luzes em tonalidades diferentes piscando, a uma massa humana concentrada no centro. Estava muito escuro, ele não chamou atenção por estar usando um sobretudo, chapéu e roupas inapropriadas para aquele tipo de lugar - se é que existiam roupas inapropriadas para aquele tipo de lugar. Napoleon se dirigiu ao fim do balcão.

O lugar já estava mais distante da pista, já estava mais calmo e bem vazio. Só não completamente vazio por alguns homens sentados à ponta do balcão. Havia um grandão, que, por mais incrível que pareça, era mais alto que Napoleon, e estava mais atrás, já encostado na parede. Havia um mais baixo e extremamente ruivo, que estava mais à frente, sentado no balcão mas olhando para a pista. Outro, sentado ao lado direito do ruivo, tinha um ar nobre, parecia um príncipe rodeado de discípulos. Tinha o cabelo bem escuro penteado para trás, e usava algo como um paletó sem gravata, a camisa aberta por dentro mostrando músculos extremamente vigorosos e estava mais relaxado também prestando atenção na pista. Ainda havia um extremamente loiro, que se sentava um banco depois, antes do cara enorme.

Todos tinham os olhos estranhos, negros, mas contornados com um tom de vermelho, ou vinho, que quase brilhavam na escuridão. Todos estavam muito bem vestidos, diferente do resto das pessoas naquele lugar, mas eram discretos demais. Eles tinham um ar sério, embora seus rostos fossem jovens. O grandalhão de repente se desencostou da parede e caminhou - parecendo flutuar - até o que parecia o "lider" do grupo, e sussurrou alguma coisa em seu ouvido. Ele pareceu entender, olhando rapidamente para Napoleon e desviando olhar de volta para a pista. O cara grande caminhou até o lado do loiro, e lá ficou, sem tirar os olhos de Napoleon, sendo acompanhado pelo ruivo.

Napoleon continuou caminhando sem dar nenhuma importância à reação do grupo, e sentou-se a um banco de distância do homem de paletó, que continuou olhando para a pista de dança.
- Uma água, por favor. - pediu Napoleon, com uma voz grave, ao barman mais próximo.

O barman sorriu maliciosamente e se aproximou, ficando de frente para Napoleon, do outro lado do balcão.
- Vá para uma sorveteria. Aqui é lugar de gente grande - disse, dando um sorriso enorme e ainda mais cheio de malícia, quase dando risadas. Havia outro barman um pouco mais atrás que também estava o encarando.

Napoleon percebeu que seus olhos pareciam iguais aos dos homens ao seu lado. Pelo canto do olho, ele percebeu que o grandalhão estava se tremendo de raiva, como se controlando, e o encarando, quase que numa posição de ataque. Ao voltar seu olhar novamente para frente, percebeu que o homem de paletó também parecia muito zangado, retorcendo a boca e o encarando. O barman estava ainda mais próximo dele, o que o deixou ver claramente suas íris negras com um tom escarlate ao fundo, e sentir seu hálito.
- Vocês fedem - disse Napoleon, e tudo aconteceu em frações de segundos.

O homem grande que estava atrás dos outros voôu para frente num pulo, mostrando uma fileira de dentes afiados e seus olhos ainda mais vermelhos. Uma bala correu por debaixo do braço de Napoleon e o atingiu, explodindo em seu peito e fazendo-o cair no chão se contorcendo, o som da bala não era audível no barulho da boate. Ao mesmo tempo que a bala fazia seu caminho, Napoleon puxou uma espada enorme de baixo de seu sobretudo e arrancou a cabeça do barman que estava à sua frente num golpe, enquanto o outro barman avançava num pulo, com seus enormes caninos expostos, e o homem ao seu lado também avançava.

Napoleon girou a espada, cortando o pescoço do homem de paletó e apertando o gatilho da pistola com a outra mão contra a testa do barman, que já estava em cima dele. O sangue jorrou, e o ruivo pulou em cima dele, com suas mãos como garras. Napoleon atirou contra ele, e a pressão de sua incomum pistola o fez voltar para o lugar de onde havia pulado, caindo no chão a se contorcer. O loiro puxou uma pistola, mas antes que pudesse mirar Napoleon, teve a mão decepada e levou um tiro no peito, o que o jogou para trás.

O barulho era muito, o lugar era escuro, e ninguém percebeu. Napoleon guardou a espada e a pistola, ajeitou o chapéu, fechou o sobretudo preto e caminhou para a saída.
- Eu vi o que você fez. - disse uma voz jovem quando Napoleon chegou à calçada.
- Eu sei. Aliás, como se chama?

Encostado na parede ao lado da entrada do bar estava o garoto que havia tentado matá-lo algumas horas antes.
- Qüentin. Eu quero sua ajuda, eu quero ficar forte.
- Ficar forte? - Napoleon riu - Não é bem assim que se fica forte.
- Eu quero que você me ensine.
- Não, não posso fazer nada por você. Mas se você quiser, eu ainda tenho uma missão para hoje à noite.

Qüentin olhou para ele.
- E o que eu tenho que fazer?
- Vá para a entrada da cidade, eu te vejo lá.
- Agora?
- Sim, mas ainda tenho algo a fazer. Espere por mim lá.

Qüentin saiu.
Napoleon estava aliviado por ter acabado com aquelas coisas. Haviam vários nomes para aquilo: bestas, demônios, ou quer lá como quisessem chamá-los. Mas também estava aliviado por Qüentin. Talvez o garoto o tivera perdoado. Talvez não. Napoleon ia ajudá-lo no que ele precisasse de agora em diante.Napoleon subiu em sua moto tomou o rumo para um bar. Não por ser um bar, mas por quem ele encontraria lá. Alguém que ele não via a algum tempo, alguém que tinha marcado sua vida, antes que isso tivesse acontecido a ele. Era fantástico como agora ela parecia o oposto a ele - o tipo dela o extasiava. O tipo dela era um dos únicos ao que Napoleon temia, mas não a ela. Ás vezes acidentes acontecem, como haviam acontecido com ele. Ela havia descoberto essas novas coisas havia pouco tempo, e ele sabia que não era certo eles ir atrás dela novamente.

Cada um com sua sina... Mas ele a amava, algo estranho, e realmente doloroso para ele. Ele lembrava de sua pele morena e seus traços que lembravam suas origens. Ela era alta (não mais do que ele) e tinha os cabelos negros e lisos, os olhos um pouco puxados. Ela havia se tornado o extremo oposto a ele, ele devia fugir dela. O lugar dele era a estrada, mas ele iria à praia, onde era o lugar dela, por ela. Ele lembrava do lenço esvoaçando preso em seus cabelos.

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por Orpheo.