terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Contos de Napoleon, o Pistoleiro (Parte Final)

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Capa e chapéu encharcados, a chuva tinha o atrasado um pouco. Sua barba estava por fazer, e ele acendeu um cigarro antes de entrar no bar. Logo que entrou, rapidamente a achou, olhou direto em seus olhos. Ela parecia estar um pouco surpresa, mas também parecia já o estar esperando. Ele foi até sua mesa e sentou em uma cadeira bem à sua frente, o que o deixou tão próximo a ela que ele pôde sentir sua coxa fria encostar em seu joelho, molhado, mas quente. Ele não tinha muito o que dizer, e preferia realmente falar o mínimo possível. Ele olhou bem fundos nos olhos dela e finalmente convidou, ou ordenou:
- Vem comigo. - Seu rosto ainda sério.
Caminharam até o lado de fora do bar. Ele jogou o cigarro no chão, pisando-o para apagar. A chuva ainda estava forte, mas eles não ligavam. Subiram na moto, ele fez com que ela usasse seu capacete, e entraram na pista deserta, sumindo na escuridão da noite.

Ele a levou ao apartamento que estava, pequeno, num hotel pequeno, primeiro andar. Entraram, ela tirou seu casaco e pendurou para que secasse, mas ele lembrou que ainda tinha algo para fazer.
- Ainda tenho algo a fazer. Volto logo.
Ela concordou com a cabeça, ele se retirou e foi atrás de Qüentin, que ainda o esperava no lugar combinado.
- Onde estava? - perguntou Qüentin a Napoleon, parecendo zangado.
- Não interessa, as coisas acabaram tomando outro rumo esta noite... Você está dispensado por hoje.
- E você ainda me trata como criança.
- Você ainda tem muito para aprender.
- E como vou embora? Não tenho mais carro, dinheiro, nem lugar pra ficar.
- Tome isso, se vire - Napoleon lhe passou um rolo de notas - E se cuide. A gente se fala.
- Eu sei me cuidar - disse o garoto, saindo às pressas. Napoleon subiu na moto e tomou seu rumo de volta para o apartamento.

No caminho veio a ele algo como esperança, ou seja lá o que chamam de esperança. Era estranho pra ele, uma forma de amor, alguém inundado de sentimentos e apelos. E ele já sentia o coração seco, e achava que não seria capaz de retribuir qualquer coisa assim, e pela primeira vez, ele sentiu medo. Mas a noite fornecia tudo o que era necessário: O medo dela, o medo dele, a chuva, cigarros e alguns CD's velhos dos Beatles. Enquanto chegava, ele parou para contemplar o rosto dela, olhando para o céu pela janela.

Ele tocou a campainha e esperou um pouco. Ela abriu, soltando um leve sorriso.
- Tem chuva, porque saiu? - perguntou ela.
- Algo que ainda devia ser resolvido... Estava a admirando pela janela.
Ela volta à janela.
- Você tem um cigarro? - ela pergunta.
- Estou tentando parar de fumar. - responde.
- Eu também, mas queria algo em mãos agora.
- Você tem algo em mãos agora.
- Eu?
- Eu.

Ele foi até perto dela, na janela.

- Sempre gostamos das estrelas - ela observou.
- E da sextilha entre Júpiter e Urano em Peixes.
- Estamos na oposição entre Saturno e Urano.
- Isso é bom? - ele perguntou, num sorriso torto.
- Não sei, deve ser - ela respondeu, sorrindo também.
- Foi bom te encontrar hoje.
- Também achei.

Ele chegou um pouco mais perto.

- Sabes que que vou partir? - perguntou Napoleon, olhando serenamente para as estrelas.
- Não vamos mais nos encontrar?
- Natural é as pessoas se encontrarem e se perderem.
- Mas existe o destino. Você acredita em destino?
- Talvez.
- É... Talvez tudo, talvez nada...
- Mas vou pensar em você.
- É bonito, mesmo que melancólico, que penses em mim em um lugar improvável destes.

Ele caminhou até um antigo tocador, ainda na sala, e colocou um CD velho dos Beatles para tocar.

- Acho que estou voltando... - ele observou.
- Voltando?
- Você sabe...
- Algo se perdeu no caminho?
- Onde ficamos?
- Alguma coisa se encontrou - disse ela, voltando a sorrir.

Ela olhou novamente pela janela.

- Você é de escorpião?
- Acho que sim. E você?
- Peixes. - olhou nos olhos dele - Eu sabia. Somos compatíveis.
- Sim, ouvi falar, que peixes alucina escorpião - disse ele num sorriso torto.
- Por isso está aqui?
- Deve ser.

Ela parou um pouco e prestou atenção na música que tocava.

- Está tocando "All My Loving" - disse sorrindo - Will you send all your love to me?
- Não - ele respondeu, olhando serenamente para a rua, pela janela.
- Porque não é preciso?
- Porque não é preciso - agora olhando em seus olhos.
Ele pôde ver que os olhos dela, as esta altura, lacrimejavam.

- Me beija - ela pediu, olhos no olhos.
- Te beijo - ele repondeu, inclinando-se , jogando sua capa no chão, junto com o chapéu que ainda estava em sua mão, e soltando um cinturão cheio de coldres e armas. Ela também se inclinou, e os dois se entrelaçaram.

Quando ela acordou, ele já estava de camiseta, calças e botas, terminando de se arrumar.
- Estou indo. - disse ele - Vou pegar o avião.
- Você vai desistir na hora - disse ela, ainda enrolada nos lençóis.
- Como você sabe?

Ela olhou para baixo, séria.

- Porque me amas? - ele perguntou.
- E porque me amas - ela respondeu olhando para ele.

Napoleon parou um pouco, ainda sentado na beira da cama, olhando para a porta.

- Adeus - ele se despediu, deixando-a na cama, observando-o ir embora.

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Adaptação de http://semamorsoaloucura.blogspot.com/2006/09/o-dia-que-jpiter-encontrou-saturno.html e http://vivihmaropo.blogspot.com/2008/12/transbordante-de-apelos-e-de-esperas-me.html /por Orpheus

Um comentário:

  1. xD'
    Estorinha ficando cada vez mais massa,
    esperando as proximas partes =D~

    add my new blog =D

    http://look-strange.blogspot.com/
    *;

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