quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

O Fim (Parte II)

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Frio. Frio, muito frio. Tudo continuava escuro, e agora estava frio, um frio segurando todo o seu corpo. Ele não conseguia abrir os olhos, nem conseguia sentir sua respiração. Fez um esforço enorme mas não conseguiu mover um dedo.

Novamente se esforçou, e dessa vez sentiu uma dor lancinante em seu tórax, e todo o seu corpo estremeceu, o que fez com que seus olhos abrissem. Ele pôde ouvir um som distante, que ele reconheceu como chuva.

Mesmo com os olhos abertos, o lugar estava escuro demais para sua visão. Ainda estava muito frio e ele não sentia sua respiração, nem conseguia se mover. O que teria acontecido? Onde estaria? Sua consciência voltava a funcionar e junto com ela, percorreu pelo seu corpo um tremor, tão forte que ele se sentiu debater.

Nesse instante, seus punhos se fecharam e seus braços de flexionaram, mas quando fez força para levantar, sentiu uma dor absurda em seu tórax, o que o fez cair deitado novamente. Parou e passou algum tempo tentando enxergar o teto, e conseguiu.

Não identificou o lugar onde estava, mas percebeu que estava deitado em algo frio, a aproximadamente um metro e meio do chão, algo como uma mesa. Continuou olhando para cima, levou sua mão ao tórax.

Não havia nada. Sentiu algo diferente, então percebeu que sua costelas caíam para os lados e seu tórax estava completamente aberto. sua mão voltou cheia de sangue.

Mesmo sentindo muita dor, se esforçou para olhar o que seria aquilo, se sustentando pelos cotovelos. Inclinou a cabeça, gemendo, e viu que seu tórax estava realmente aberto, viu orgãos e costelas. Não suava, nem chorava.

Tocou as costelas e tentou colocá-las no lugar, mas antes que as pusesse, observou que seu interior era sem vida. Seu coração não bombeava sangue, nem seus pulmões tinham movimento. Fechou o tórax e caiu de volta, deitado.

Se pôs a observar novamente o teto e a sala e viu que haviam várias outras mesas como aquela, mas vazias, e ele ficou a esperar por alguma coisa, alguém, ele estava perdido e aterrorizado. Pôs as mãos em seus peito, e novamente se assustou ao ver que não havia mais ferimento.

Tentou se mexer, se contorcendo, e caiu no chão, de bruços. Segurou na mesa e se levantou com dificuldade. estava num necrotério. Havia alguns cadáveres em mesas mais ao fundo, e parecia madrugada, por não parecia haver mais ninguém, vivo, naquele lugar.

Estava em pânico e não entendia nada. Cambaleou até um lençol, usado para cobrir os cadáveres, e se enrolou, pois estava sem roupa alguma.

A chuva estava forte, o barulho grande, e o garoto já estava completamente sujo de lama e ainda estava apenas com o lençol. Vinha andando do fim da rua deserta e escura, já via o prédio em que morava. Ele tremia, talvez de frio, talvez de desespero. Vinha soluçando e cambaleando, até que avistou o velho e barbudo vigia do prédio. ele o olhava com olhos arregalados e boquiaberto, tentando pronunciar alguma reza. Ao ver que o garoto se aproximava, andou apressado, esbarrando em coisas e mudo para uma dispensa.

O garoto fcou ainda mais desesperado, pois aquele homem o conhecia desde sua infância. Ainda com a vista embaçada, foi até o interfone, na calçada de paralelepípedos.

- MÃE! EU TÔ VIVO, MÃE!

Começaram a escorrer lágrimas em seu rosto, enquanto ele continuava a tocas o interfone. Ele via o carro de seu pai na garagem. Ele se sentia qu eo haviam tirado de seu mundo.

- MÃE! - soluçava cada vez mais forte.

Viu uma luz ser acesa no seu apartamento, então ouviu um grito feminino. As lágrimas embaçavam sua vista, junto com a chuva, até que ele tombou.



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